quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A importância de saber Comunicar

Tão simples. Tão forte. Imprimam 40 mil flyers e distribuam-nos à porta do Estádio do Dragão. Pode ser que se consiga exterminar essa praga das nossas bancadas...


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dos avós...

As primeiras recordações que possuo pintadas a azul e branco estão intimamente ligadas aos meus avós, maternos e paternos.


Sendo certo que foi com os primeiros que acompanhei o F.C.Porto durante quase toda a vida (ainda hoje, cada jogo nosso é detalhadamente analisado em conversas telefónicas com o meu avô materno), tendo inclusive tido a honra de com eles partilhar lugar cativo durante anos a fio, situação só interrompida pelo natural e inevitável peso crescente dos anos sobre o esqueleto dos queridos "velhotes". Ambos ex-atletas do F.C.Porto, naquela altura do verdadeiro "amor à camisola" (muito mais puro e verdadeiro que o propalado amor dos que se sentam em "cadeiras de sonho") foram os grandes responsáveis pela criação e desenvolvimento da dinastia portista da família do lado materno. 

Do outro lado, dois avós não tão intimamente ligados ao clube, mas igualmente apaixonados, portistas convictos, seguidores fiéis e pregadores da mística e cultura "dragonas".

Uma das primeiras memórias que guardo de uma ida às Antas, foi na companhia dos últimos. Para ser honesto, não me lembro do resultado final (mas sei, com toda a certeza, que ganhámos). Lembro-me de como me senti pequeno naquele ambiente festivo e único que uma ida às Antas nos proporcionava. Lembro-me de ficar espantado e perguntar à minha baixinha avó quem era "aquele senhor com umas pernas tão grandes?" que passeava no meio da multidão, distribuindo sorrisos e simpatia. Sentado nas bancadas (ainda) de pedra, algures entre a Superior Sul e a Central, e embora o jogo decorresse bem à frente, era o ambiente, o ruído, a festa que nos rodeava que me deixava delirante. O meu avô, a combater a ansiedade com uma quantidade demasiado elevada de cigarros; a minha avó, dedicava-se ao crochê de cada vez que os adversários ultrapassavam o meio-campo. 

Sendo um casal pobre, a evolução do futebol para um negócio bem lucrativo afastou-os dos Estádios. A paixão, essa, nunca esmoreceu. De 15 em 15 dias a família juntava-se em casa deles, mesmo ao lado da Estação de Campanhã, e o topo da mesa estava reservado à fatia masculina da família. Pese embora a paixão do meu pai pelo futebol seja mais contida, o meu avô fazia questão que o futebol fosse temática frequente e obrigatória. Sendo um homem simples mas de ideias fortes, havia os "ódios de estimação". Não conseguia compreender (mas aceitava), como era possível alguém no Mundo não morrer de amores por Baía - o meu avô referia-se ao Vítor como "esse vaidoso..:". Era também com a voz enrouquecida por anos a fio de dependência de 2 maços diários de SG Filtro que me contava como odiava Jaime Pacheco. Dizia ele, "Esse gajo, que se não fosse o Porto não tinha onde cair morto, andava a passear o seu descapotável pela Praça Velasquez. Saía e encostado ao carro, dizia mal do treinador e dos colegas de equipa. Esse bandidola...". 

O meu avô faleceu meses antes da chegada de Mourinho. Foi com Octávio Machado ao leme que se despediu do Porto. Perdeu algumas das maiores conquistas nacionais e internacionais que já tivemos e não viu terminada a obra do novo Estádio. Mas estou certo de que o orgulho de ter feito parte da "tribo" o deve ter acompanhado até aos últimos momentos da sua existência.

A minha avó, sempre mais contida, seguia o Porto de forma interessada. Era o seu "coração de passarinho" que a impedia de seguir os jogos, pelo menos até à parte em que a equipa adversária ameaçava passar do meio-campo. Era frequente ligar-nos a perguntar como tinha ficado o jogo! Recordo-me das constantes "pegas" que tinha com a Mariazinha da Mercearia (naquela rua, todas as pessoas são o Fulano Tal de Tal Sítio, ou Fulano Tal, Filha do Sicrano e da Beltrana), essa "bermelha nojenta", quando degladiavam argumentos a favor da sua equipa do coração.  

Mas o grande orgulho dela era o facto de se colocar à janela de casa e apontar em direcção a Norte, onde se erguia o imponente Estádio do Dragão e dizer, com um sorriso rasgado, "Eu também vou ao Estádio! Quando há jogos, ponho-me aqui à janela e consigo ouvir o pessoal todo a gritar lá dentro. E quando é golo, meu menino... Parece que a casa treme toda!". Quando o meu avô faleceu, a colecção de livros do Manuel Dias - que ilustram diferentes épocas do nosso Porto, verdadeiras relíquias históricas, que me fizeram decorar nomes de jogadores e resultados de jogos que não tive oportunidade de ver com os próprios olhos - veio direita para as minhas mãos, por vontade da minha avó. Nesses livros aprendi de cor e salteado todos os jogos que realizámos a caminho da vitória sobre o Bayern em Viena em 1987. Ainda hoje, já na minha casa (partilhada com uma lampiona), ocupam lugar de destaque nas estantes da sala! 

Numa altura em que tanto se diz e se escreve sobre o Porto, o que é ser Porto, o portismo e os "tipos" de portista, temos estas histórias para nos trazer um pouco à Terra. Os meus avós paternos não eram portistas de "ir a todas", mas eram uns portistas dedicados. Foram adeptos ferrenhos, genuínos e indefectiveis de um clube que durante anos lhes foi dando poucos títulos em troca. Aquilo que lhes dava (e que nos dá a todos), essa honra única e imensa de nos podermos afirmar "portistas", era tudo o que pediam. Agora, horas depois da partida da minha avó, que lutou com uma garra e determinação à "Paulinho Santos" até ao ultimo suspiro contra uma armada de doenças que a assolaram nos últimos 8 anos, é com o coração apertado que os recordo, prestando-lhes a minha homenagem, com a certeza de que a História do meu, do nosso, F.C.Porto ficou mais rica pelo simples facto de os ter como sócios e adeptos.

E espero que o Big One lá em cima se lembre de dar agulhas e malha à minha avó e dois maços de SG filtro ao meu avô, para poderem assistir juntos ao próximo jogo do Porto.


Arouca vs F.C.Porto

Caros amigos do Blue Overlap, esta vai ser uma crónica diferente visto que tanto eu como o v.a.s.c.o. nos vimos impossibilitados de acompanhar o jogo do F.C.Porto em directo, pela primeira vez esta época. E o resultado não podia ter sido melhor e mais esclarecedor: 0-5, uma goleada (num jogo fora) das que "já não se usa".
Ora, como sabem, temos por hábito deixar correr alguma tinta até que apresentemos a nossa análise ao jogo. Desta vez, admito que toda a análise se baseia no que se escreveu e disse pela CS, Bluegosfera e resumos (curtinhos!) do jogo.

Segundo parece, os primeiros 20 minutos foram disputados, repartidos e ansiosos da parte dos nossos rapazes, tendo inclusive o Arouca tido um remate muito perigoso após nova falha (outra... really?), desta feita de Marcano. A verdade é que em apenas 2 minutos, Quintero numa bomba de fora da área e Jackson, após nova "partidela de rins" de Brahimi e nova assistência, conseguimos colocar-nos numa situação privilegiada no jogo. Dois golos de vantagem, contra uma equipa que provavelmente se iria fechar a 7 chaves durante o 2º tempo. Isto tudo ainda a meio da 1ª parte! Casemiro, outro dos nossos mal amados, de cabeça, colocou o resultado num 0-3 que, segundo pude ler, premiou a equipa mais acutilante, mais eficaz e, porra!, mais forte em campo. Por esta altura, segundo rezam as crónicas, já um penalty nos havia sido sonegado.


Da 2ª parte tenho poucas informações, mas gostei de ver Tello a fazer nova assistência, e Quaresma a oferecer um golo de bandeja a Aboubakar, ambos saídos do banco. Pena aquela outra bomba de Quintero não ter entrado... Ah, e mais um penalty que o homem do apito não descortinou (na sempre insuspeita Liga da Verdade do geloso Rui Santos devemos ser já campeões de Inverno...).

Sigamos para as notas (possíveis):

(+) Positivo


Chegar ao intervalo a vencer... e por 0-3 - Até agora, uma das críticas apontadas ao F.C.Porto era o tempo que demorávamos a "entrar" em jogo - sendo o jogo com o BATE a grande excepção. Desta feita, o jogo estava resolvido e embrulhado em 45 minutos, não dando azo a que o adversário pudesse acreditar sequer em reagir e devolvendo a tranquilidade necessária para se ir crescendo, ganhando e dando confiança a todos os intérpretes (e alguns, bem precisam e merecem). E, já agora, para dar algum descanso às nossas válvulas cardíacas...

Quintero - Está numa daquelas fases deslumbrantes este rapaz. Um golo belíssimo e (de acordo com o que li), um verdadeiro "10", a distribuir jogo, a assistir companheiros, a finalizar jogadas e a espalhar qualidade técnica (que tem, em grande quantidade). Que continue a crescer!

Brahimi e Tello - Havendo mais jogo interior, haverá menos homens para tentar parar estes dois senhores. E em duelos de 1x1, há poucos que os possam/saibam parar. E uma vez criado o desequilíbrio, meio golo está já feito. Simples!

Jackson e Aboubakar - Falo apenas deste jogo, apenas dos golos, mas são os tipicos golos de avançado que sabe onde deve atacar, como se movimentar, e finalizar de forma simples. O primeiro é um tanque de bom futebol, o segundo, um porta-aviões que nos deixa mais repousados quanto à necessidade de alternativas.

Quaresma - Neste momento, os titulares TÊM de ser Tello e Brahimi. Como não alinho na histeria "Quaresmista" (no fundo, o subterfúgio para todos os que odeiam o nosso Lopetegui), falo perfeitamente à vontade. É assim que Ricardo nos pode ser útil - entrando como verdadeira arma de arremesso em momentos mais avançados do jogo, disponível para ajudar, disposto a correr, assistir ou marcar. E se assim se mantiver, que continue a iniciar jogos no banco!

A saída de bola - Não falo do que (não) vi, mas li em diversos locais que a nossa saída de bola esteve diferente (para melhor!) nesta partida. Que houve um médio a recuar para iniciar a construção e que os laterais já estavam mais adiantados nessa fase. Coincidência ou não (com toda a honestidade), tudo culminou num saboroso 0-5... 

(-) Negativo


Outro erro... Outro erro... Outro erro... - Lá está, o jogo de futebol é feito de sucessos e falhas. Se o F.C.Porto marcou 5 golos, foi porque provavelmente obrigou o Arouca a errar mais vezes, fruto também das diferenças de qualidade técnica entre os intervenientes dum lado e do outro. Mas é sabido que, no geral, ganha quem comete menos falhas. Aos jogadores do Porto pede-se que errem menos do que os outros, como é óbvio. Ou pelo menos que, quando errarem, seja numa zona em que podemos ainda remediar. Penso que na última época e em alguns momentos desta, tem havido uma relação quase patológica entre os sucessos dos adversários e os nossos erros (alguns deles, imperdoáveis, está claro!). Escrevia no último post que era impressionante a eficácia tremenda das restantes equipas aquando das nossas falhas mais "clamorosas", por assim dizer. Tal acontece porque temos tido erros em zonas onde não podemos (mesmo) inventar. Penso que isto é muito claro! Temos, portanto, de continuar a trabalhar para corrigir estas situações, trabalhar para errar menos e ainda mais longe de zonas de perigo. E quando tal acontecer, que esteja lá aquele gigante, estilo desengonçado (de quem pouca gente gosta... mais outro) a safar-nos dessas situações, como Barrigana, Mlynarczyk, Zé Beto, Baía e Hélton fizeram durante décadas. 



Quem diria, hein? Goleada fora de casa, por números tais que o último treinador a vê-los do banco tinha sido um Senhor chamado Jesualdo (e penso que tal deve contar como um record positivo para Lopetegui, não?). Uma exibição segura, mais alguma serenidade e a diminuição da desvantagem "louca", "brutal", "irrecuperável", "imperdoável", "inadmissível" de 4 pontos, para apenas 1. Boas exibições de alguns mal amados, e a confirmação de alguma estabilidade nas peças escolhidas (e quem sabe, a puta da conversa da rotatividade poderá amainar por uns tempos...).

Obviamente que, como ouvi num ou noutro programa, ou li em diversos comentários de portistas que sabem mais de bola do que Guardiola, Ancelloti, Mourinho e Guus Hidink juntos, há quem não concorde com esta análise. "O Arouca facilitou", "a nossa linha defensiva é uma merda", "o Quaresma devia jogar sempre", blá, blá, blá... Ganhemos por 1, 2, 5, 6 ou 10-0, nunca vai ser suficiente. Já o disse antes: Lopetegui está marcado à partida e não tem como escapar. Inimigos fora e dentro de portas, todos prontos a minimizar os sucessos e a salivar pelas derrotas para rematarem com o cobarde (assim, com "b", como na minha Terra se diz) "Eu bem avisei...", da ordem. A minha paciência para essa gente está esgotada há muito tempo... 


Tal como antes do jogo iniciar, estamos ainda muito longe do que quer que seja. Não éramos péssimos antes, não somos excelentes agora. Somos uma equipa a crescer, a tentar estabilizar, a ganhar ritmo e entrosamento. Haverá decerto alturas melhores do que a de Sábado, mas também vai haver piores e, sobretudo, mais difíceis de ultrapassar. Essas são as alturas que definem campeonatos, como bem sabemos. E, meus amigos, apenas as verdadeiras EQUIPAS conseguem ultrapassar esse tipo de obstáculo. E esta equipa, que tem tido o "seu" público como principal obstáculo antes de qualquer outro, pela forma como tem vindo a batalhar e a querer corresponder, tem tudo para ser uma das "verdadeiras". 

P.S.: Foi o primeiro jogo da época em que os co-autores deste blog não puderam seguir as incidências do jogo em directo (meu caso), ou pela TV (caso do v.a.s.c.o., que desencantou um rádio lá no fim do mundo em que esteve durante uns tempos). Resultado: goleada! Rezamos todos os dias para que tal não tenha passado duma coincidência... Caso contrário, dedicar-nos-emos a acompanhar pesca desportiva para o que resta da temporada!
 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Champions: F.C.Porto vs Athletic Bilbao

Numa jornada fora do comum, tendo em conta o anormal número de golos marcados só na 3ª feira, os nossos rapazes deram um passo importantíssimo rumo aos 1/8 final da mais importante prova mundial de clubes. 


Depois do desaire amargo contra o Sporting no passado Sábado, urgia uma resposta clara e firme de todos - jogadores, treinador e adeptos. Era preciso demonstrar que a derrota tinha deixado marcas e que o orgulho estava ferido. Era importante ganhar acima de tudo o resto, e demonstrar uma atitude de combate, de vitória, que tanta falta nos fez durante larguíssimos períodos do ano transacto. Era necessário perceber se Lopetegui poderia ou não ter acusado o "toque" das críticas pós-Taça - deixou bem claro que não. Era fundamental perceber se estamos todos mesmo a remar na mesma direcção que a equipa e o treinador e a resposta foi inequívoca - não! Tivemos por isso uma noite em que ganhámos, e bem, no relvado e banco de suplentes mas onde nos cobrimos de vergonha nas bancadas, pelas razões que invoquei aqui . 

Num Dragão ainda longe de casa cheia, mas bem preenchido e colorido de incansáveis adeptos bascos, foi um F.C.Porto agressivo, acutilante, rápido e mandão que entrou em campo. Com Brahimi no meio, Quintero na ala, íamos conseguindo chegar com perigo ao último terço do campo, mas faltava sempre algum acerto na definição e conclusão das jogadas. Lopetegui, que costuma ler bem o jogo e altera quase sempre bem, percebeu que precisava de Quintero por dentro, entre linhas, e isso - e um Tello e Danilo endiabrados - foi contribuindo para muitos espaços no último reduto dos bascos. Fomos encostando o Athletic às cordas e podíamos (com mais alguma tranquilidade, a tal que decerto não cresce com assobios constantes) ter chegado com alguma naturalidade ao intervalo com 2-0.  Foi simples, bonita, eficaz e finalizada com classe a jogada que deu origem ao primeiro golo, colocando asism alguma justiça no marcador.

No regresso do intervalo, para além de trocar peças, os bascos alteraram a atitude na transição defensiva. Muito mais agressivos na nossa saída de bola, (aqui, continuamos a pecar, como falarei mais adiante), fomos obrigados a cometer mais erros, surgiram os idiotas do costume a assobiar cada toque na bola, e dum novo erro (desta feita repartido entre Herrera e Casemiro) surgiu o inevitável golo basco. Esta fase do jogo foi muito complicada, e ficou demonstrado o porquê de Quintero não jogar mais vezes numa posição central - tem muuuuito para evoluir a nível de posicionamento. Lopetegui percebeu, mais uma vez, do que a equipa necessitava e lançou Rúben Neves no lugar do colombiano, numa tentativa de nos dar mais qualidade na saída, e maior capacidade de ter bola, retirando alguma iniciativa ao Athletic. Uma vez estabilizado o meio-campo, trocou (com toda a lógica) Casemiro por Quaresma, que veio dar nova alma ao nosso jogo ofensivo. Resultou tudo na perfeição, num lance em que Quaresma aproveitou da melhor forma uma jogada simples mas brilhante de Brahimi, que lhe estendeu uma passadeira para o golo. Depois, com a entrada de Oliver, e mais alguma coesão entre sectores, conseguimos "congelar" o jogo. Mas ainda tivemos oportunidade de perceber se os nossos miocárdios estão em forma, com um perigosíssimo cabeceamento após um livre lateral, que Fabiano segurou com algum aperto. Até final poderíamos ter aumentado a contagem mas Jackson esteve em dia não no capítulo da finalização.

Vamos a notas:

(+) Positivo

  • Entrada em jogo -  Esta foi umas das coisas que mais me agradou, após alguns jogos em que entrámos um pouco "amorfos" na partida: um início a todo o gás, com vontade de "matar" veleidades logo à partida. Entrar à Porto. Gostei!
  • Aliança Tello - Danilo - Se o segundo está num momento assombroso de forma, respirando e transpirando saúde e confiança por todos os poros, muito se deve ao primeiro, cada vez mais uma peça fundamental na manobra ofensiva. O lado esquerdo dos bascos deve ter acabado a primeira parte perto dum ataque de nervos tantas foram as combinações que ambos conseguiram. Duas peças fundamentais do Porto neste momento.
  • Jogada do 1º golo - Ma-ra-vi-lho-sa! Tomada rápida de decisão, aproveitamento dos espaços, jogo interior, Herrera a aparecer no sítio certo e um hino ao futebol. Porque não aproveitar ainda mais vezes o corredor central gente?
  • Brahimi - Muito negeligenciado este rapaz quando não "aparece" mais sobre os holofotes. Mas a capacidade de drible dele é estonteante, a forma como atrai 2 e 3 jogadores e solta a bola, criando desequilíbrios é incrível. No golo de Quaresma, a sua acção é fundamental, tanto na forma como foge ao lateral, como obriga a uma compensação e liberta Quaresma numa zona mais central, com mais hipóteses de ter sucesso. Bravo! 
  • Quaresma - Lançado quando devia, a fazer o que lhe é pedido - arriscar e decidir, sem amuos, sem cara feia, com atitude e vontade. Consigo compreender que todos gostem de jogar de início, mas relembro que Solskjaer (por exemplo), foi dos jogadores mais decisivos da História do United e raramente jogava de início. Uma questão de egos, right?
  • Lopetegui - Apesar da loucura anti-Lopetegui que grassa por essa nação portista, mais uma vez esteve sublime nas mexidas. Em todas alterou o jogo e em todas nos deixou mais próximo de o ganhar. A troca posicional de Quintero e Brahimi. A entrada de Rúben, Quaresma e Óliver... Tudo decisões de alguém que percebe o jogo, lê bem o que o jogo pede, e mexe bem. Quase sempre bem, quase sempre com notórias melhorias na nossa forma de jogar. Mas decerto haverá quem critique isto. Habitua-te a estes desmiolados Lope... E manda-os foder! Assim mesmo, com f. Não é joder; é foder!

(-) Negativo

  • A saída de bola - Já muito foi escrito, dentro e fora da Bluegosfera, acerca desta questão. Continuo a ser da opinião que esta é uma das fases do jogo na qual precisamos de mais trabalho e de correcções. Sabemos que os nossos centrais não são grande espingarda com bola? Então um dos médios tem de baixar para dar apoio, e os laterais têm de estar mais subidos no terreno. Estamos continuamente numa linha de 4 jogadores, sendo facilmente anulados neste processo, O início da 2ª parte deste jogo foi uma clara demonstração da nossa incapacidade de sair perante equipas mais pressionantes, não sobre o portador de bola, mas sobre as linhas de passe mais próximas. Se se quer que sejam os centrais a sair, então eles devem ir progredindo no terreno até surgir um adversário a "fechar portas", e aí soltam num colega que, inevitavelmente estará sozinho. Perdemos mesmo muito tempo a trocar a bola lateralmente entre os 4 defesas, e o pior é que qualquer equipa (mesmo mediana ou até medíocre) já percebeu que pode anular facilmente a nossa saída. Demasiadas vezes incorremos no pontapé longo á custa deste facto. Urge corrigir isto, com alguma celeridade.
  • A "pressão alta" - Poderei estar enganado, mas a nossa capacidade de pressionar tem vindo a piorar nos últimos jogos. Alguma desorganização, gente a pisar os mesmos terrenos e algumas auto-estradas abertas em zonas absolutamente proibidas. Uma dessas fases de desnorte deu aos bascos a única situação de perigo durante a 1ª parte. Não compreendo se tal aconteceu maioritariamente pelo deficiente posicionamento defensivo de Herrera e Quintero, ou à excessiva lentidão de Casemiro, mas a verdade é que aconteceu mais do que uma vez. Também noto que Maicon e Indi nem sempre acertam nas saídas ao portador e nas coberturas. 
  • Novo erro, novo golo sofrido - Passe errado de Herrera, lentidão de Casemiro na reacção, e deficiente leitura de Maicon, que foi batido com uma facilidade inacreditável -  com uma finta que consistiu em trocar a bola de pé, com a maior das calmas. Continuem a tentar corrigir isto rapazes, senão vamos tornar os nossos cardiologistas em bilionários! Nota: mais incrível do que a nossa incpacidade única a nível Mundial de marcar penalties, só a % de eficácia de aproveitamento dos nossos erros por parte dos nossos adversários. Um erro, um golo! Tiro e queda!
  • Casemiro - Lamento colocar-te aqui, logo agora que foste seleccionado para o escrete , mas tenho de ser honesto: não tenho gostado. Bem sei que vem de lesão, e por isso dou-lhe algum benefício, mas tem de se reencontrar. Casemiro parece estar a jogar sempre sob brasas, sempre com uma sofreguidão demasiado elevada, que o leva a falhar a abordagem a incontáveis lances, o que se constata na quantidade de faltas e no número de maus passes que faz. Não sabemos bem como (nem ele sabe, decerto), conseguiu terminar sem ver amarelo. Rúben é, neste momento, um 6 muito mais completo e não consigo ver Casemiro com pernas para ser um 8.
  • Assobios do público - Pura estupidez! É só isso...


Menção Honrosa: Herrera - Inauguro esta nota porque estive aqui numa dúvida enorme sobre se colocava Herrera no + ou no - . Ora, se tivemos hoje alguns fogachos do "Herrera Bom", com participação activa nas jogadas ofensivas, na forma decidida com que colocou a bola na baliza, e com uma abnegação, espírito de combate, resistência, que me fizeram imaginar que terá 3 ou 4 pulmões, aquele gémeo terrível dele, o "Herrera Mau", persiste em não o deixar voar. Continua a ser má demais (malta, má demais mesmo!) a falta de posicionamento defensivo, a forma como desequilibra o meio campo nessas situações e a fraca capacidade de recuperação de bolas (que Oliver e Ruben Neves, correndo bem menos, conseguem com maior facilidade, fruto dum muito melhor posicionamento). E um passe lateral errado numa zona em que não podemos falhar, que deu em golo do Athletic... Estou dividido gringo


Resumindo, 3 jogos na Champions, ZERO derrotas, ZERO pontos perdidos em casa, SETE pontos ao todo e um pézito na próxima fase. A uma equipa totalmente nova, pede-se que vá trabalhando para melhorar. Ajuda - oh! se ajuda - construir a equipa numa base de vitórias. Gostei da resposta dos nossos rapazes neste jogo. Gostei deste jogo. Gostei. Mas aquele nó no estômago antes de ir a Arouca já vai fazendo das suas... Vamos lá "engatar" numa série de vitórias? 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Cultura de Exigência

Até hoje, apenas por uma vez saí de um Estádio de futebol antes do jogo terminar. Foi no F.C.Porto vs Benfica, da época 05/06. Confesso que não consegui aguentar aqueles dois golos do Nuno Gomes, e ver aquela festa na "nossa casa" foi uma prova demasiado dura de passar. Enquanto caminhava para casa, cabisbaixo e derrotado, analisei mentalmente todo o cenário em questão e percebi o meu erro (que não voltei a cometer). 

Perder faz parte do vocabulário de qualquer desporto, com maior ou menor frequência, com maior ou menor retumbância, com maior ou menor justiça. O facto de ser um doente apaixonado do F.C.Porto, e de ter nascido numa era bem colorida e vitoriosa não me tornou imune às derrotas. Cresci a ver os nossos rivais a tombar com alguma naturalidade na nossa casa, e a tremer quando nos recebiam. Cresci a ver o meu Porto a dar respostas categóricas em campo às campanhas miseráveis extra-futebol que sempre tentaram "diminuir" ou "justificar" os nossos sucessos. Mas houve alguns sapos difíceis de engolir. Houve derrotas humilhantes, outras injustas, outras bem merecidas. Houve Taças perdidas, campeonatos deitados ao lixo, épocas catastróficas. Foram muito menos do que as vitórias e os sucessos? Sem dúvida! Mas aconteceram e todas fazem parte da minha história de amor com este clube. 


E foi aqui que percebi que errei naquela noite, ao abandonar o Dragão mais cedo. Abandonei todos os meus irmãos portistas, que tiveram a honra de ficar até ao fim e aguentar de cabeça erguida aquele murro no estômago. Abandonei a minha equipa, que de uma ou doutra forma teve de degladiar-se até ao apito final, com menos um jogador, contra o maior rival, que fazia a festa (merecida). Mas também falhei com os meus rivais, que se tivessem decidido abandonar a sua equipa de cada vez que se sentiram humilhados por nós, provavelmente já não teriam massa adepta. Falhei com o maior portista que já conheci, o meu avô, que aguentou e cultivou todo o seu portismo durante anos e anos a fio, em que ser portista era uma prova ímpar de carácter e de dignidade, e que nunca virou costas ao seu clube. Cometi esse erro uma vez, e jurei nunca mais o cometer. Aguentei até ao fim no Bessa, sozinho em Braga numa 2ª feira no meio dos adeptos da casa, mas também no livre do Rodrigo Tello, nas derrotas com Torreense e Atlético, no golo do Ronaldo, o do Estoril, ou naqueles 0-4 com o Nacional. Não ganho qualquer tipo de superioridade moral sobre ninguém, mas dá-me o traquejo suficiente para perceber que a de Sábado foi uma derrota, retumbante, categórica, mas que no dia seguinte passou, assim como uma vitória retumbante deixa de importar no dia a seguir.

Não tendo podido ver o jogo de Domingo no Dragão, mais do que perder contra um rival da forma categórica que perdemos, ou dos equívocos de Lopetegui, que pela primeira vez me deixou perto dum ataque de nervos (e bastante preocupado com alguns sinais), custou-me ver a forma simples como grande parte nossa massa adepta virou costas à equipa, à instituição e aos restantes adeptos e associados. Deixarmos ouvir "olés" na nossa casa, deixarmos ouvir um "Pinto da Costa, vai para o c***" e repondermos com um silêncio sepulcral, ou com o abandono em massa dos "postos de combate" é algo que me envergonha milhares de vezes mais do que a derrota em si. "Temos uma cultura de vitória e de exigência", dizem os mais revoltados. Não senhor, temos uma cultura de gostar de ganhar e não de gostar do Porto. Se uma parte da nossa cultura de vitória sempre passou por ter equipas capazes de fazer da nossa casa uma fortaleza inquebrável, também nós - adeptos - sempre tivemos um papel fulcral nesse capítulo. Também nós - adeptos - somos hoje uma caricatura dos bons velhos tempos do tribunal das Antas. 

Preparei esta crónica para antes do jogo de ontem, contra o Athletic. Continuando na mesma temática, foi uma lição de amor ao clube que os bascos nos deram ontem. Em 17º lugar na Liga e último lugar do grupo da Champions, consguiram contar o número de camisolas vermelhas e brancas nas bancadas? Ouviram assobios quando sofreram os golos? Ouviram assobios ao treinador? Ouviram assobios a substituições? Não, porque um adepto do Athletic, é isso mesmo, um orgulhoso adepto do Athletic.


O comportamento dos adeptos do F.C.Porto (e não são assim tão poucos como querem fazer crer) tem sido absolutamente vergonhoso, principalmente nos jogos em casa. Há quem compre lugares anuais, única e simplesmente para destruir treinador, jogadores, direcção, a cada momento que pode. Que é algo que me fascina, admito! Eu gosto de futebol, por isso sempre que posso vejo Bayerns, Dortmunds, Barças, Madrids, Liga Inglesa em geral... Mas amo o Porto, e o meu orgulho no clube não é diferente numa derrota em casa por 0-4 ou numa final da Champions. Se o meu Porto ganhar a jogar bem, ótpimo! Se ganhar a jogar mal, fantástico! Se perder, que se levante rápido para outra vitória! Se possivel, gosto de ver bom futebol, mas o mais curioso é que o ambiente, os restantes adeptos, a afluência, são os factores que mais constribuem para gostar de ir ao Estádio. Saber que estou naquele sítio mágico, que devia respirar orgulho azul e branco por todos os poros.  Na nossa casa, temos de ser TODOS a mandar. E se os jogadores não conseguem (efectivamente, não vão conseguir sempre), é dever dos adeptos tornar aquele Estádio num Inferno... para os adversários.


Termino com o exemplo que mais me deixou arruinado no Sábado passado: Adrián Lopez. O jogador foi caro? Foi. Tem feito bons jogos? Longe disso. Tem culpa do dinheiro que pagámos por ele? Nenhuma! Então que caralho de estupidez foi aquela monumental assobiadela quando o rapaz saiu do terreno de jogo? Que condições psicológicas terá o homem para jogar nos próximos tempos? De cada vez que fizer uma movimentação, um passe, vai estar com receio da própria sombra...

O grosso da nossa massa adepta mais não é do que uma cambada de imbecis, mimados, que não merece o clube que foi construído ao longo de tantos anos, com tanto sangue, suor e lágrimas. Desde que o Porto se mantenha como clube, vai ter sempre um amor incondicional da minha parte (e da parte de alguns outros), que são e serão sempre portistas indefectíveis, na Champions ou na 2ª divisão e que lá estarão, no Dragão ou fora, a dar toda a força aos nossos guerreiros - o Danilo, Maicon, Herrera, Quaresma ou Adrián - para que possam "voar".


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Porto vs Sporting (Taça de Portugal)

Demasiado mau. Tudo. Foi daqueles jogos que me deixou com as mãos a tremer num misto de desespero e frustração. Foram demasiados sinais de que as coisas não estão bem. E a minha lua de mel com Lopetegui terminou. E terminou porque começam a existir muitos indicadores de teimosia. E se há coisa que não suporto num treinador é teimosia, porque só me vêm à cabeça Scolari e Paulo Bento. Compreendo todas as ideias de Lopetegui. Todas mesmo. Seja a ideia de jogo que passa por fixar o adversário a um dos lados e rapidamente mudar o flanco para surpreender o adversário, seja a rotação (constante) de jogadores de modo a deixar o balneário mais feliz, onde todos têm minutos de jogo, seja o ter um Plano B e tentar pô-lo em prática em jogos de carácter mais complicado... Percebo tudo. Mas também já percebi que nenhuma dessas ideias está a resultar. E o pior é que segundo a capa d'O Jogo hoje parece que os (maus) hábitos são para manter.


O jogo é facilmente resumido a um baile táctico por parte de Marco Silva. Não há que ter vergonha de o assumir. E novamente a um par de golos sofridos caricatos, e claro, a mais um penalty falhado. Por muita culpa que Lopetegui tenha em muito do que vai mal neste Porto, quando se sofrem golos como os que temos sofrido e se falham tantos penalties, não há treinador que resista. E esta derrota para mim doeu muito. Muito mesmo. Não pelo resultado em si mas pelos maus sinais deixados pela exibição. Disse ao Z ontem durante o jogo entre mensagens que passei o jogo a lembrar-me de Vitor Pereira. Bateu o saudosismo daquela consistência defensiva e daquela (maldita) frase dita por ele numa entrevista à RTPN há alguns meses:"Saí para dar a hipótese aos adeptos do Futebol Clube do Porto de apreciarem outro tipo de futebol". E juro que vejo nisto um "bruxedo" estilo Bella Guttman no Benfica. Se Vitor Pereira tem conhecimentos do oculto não sei, mas lembrei-me (e muito) da ultima equipa dele onde não havia metade das opções que há hoje, onde Defour (sim, esse) era o 12º jogador e chegou a actuar a extremo esquerdo no Estádio da Luz, e que perdeu Hulk já depois do fecho do mercado e recebeu em Janeiro... Liedson e Izmailov! Mas falemos do presente. Não é o fim do mundo, nem atiro a toalha ao chão mas são muitos sinais a rebentarem o balão de confiança que existia até agora. A ideia de regressão desde o inicio de época é outra coisa que parece existir. E isso, é muito mau sinal... 


(+) Positivo 

Nani - É metade da equipa do Sporting e muito possivelmente o melhor jogador da liga.

O passe de Quintero - E só isso.

(-) Negativo 

Lopetegui - Mister, clássicos são clássicos. São para ganhar sempre. E mexer tanto num jogo destes foi um tiro no pé. Com uma shotgun de canos serrados. Já escrevi aqui N vezes que esta é uma equipa que há um ano atrás jogava com Helton, Otamendi, Mangala, Fernando, Lucho e Varela no onze. Tudo homens experientes com muitos anos de casa (tirando talvez Mangala que "só" cá esteve 3 anos). Que ganharam muito e sabem o que é o clube. Portanto não há "por onde pegar". Olhamos para o Benfica e vemos que Artur, Maxi, Luisão, Jardel, Enzo, Gaitan, Salvio e Lima são a base onde novos jogadores entram. Olhamos para o Sporting e vemos que Rui Patricio, Cedric, Mauricio, Jefferson, William, Adrien, André Martins, Carrillo e Slimani são a base do ano anterior. Lopetegui não pode pegar por aí. Não tem por onde pegar e por isso precisa de ir à procura de estabilidade. E o seu maior inimigo neste momento é ele próprio quando usa e abusa da rotação de jogadores no onze inicial. Se fui critico de quem mandou vir com ele no jogo com o Shakhtar que não fez rotação ao mudar 2 jogadores como Marcano a 6 e Aboubakar no lugar do "tocado" Jackson, agora tenho de concordar com algumas das criticas por aí feitas. Como é que podem existir rotinas entre centrais e PRINCIPALMENTE no meio-campo quando os jogadores estão a entrar e a sair da equipa? E defrontar uma equipa como o Sporting que treme bastante na defesa com extremos que não são extremos e que procuram essencialmente o jogo interior? Foi mau demais. Maicon não pode ser titular quando faz cagada atrás de cagada. Já cá está há tantos anos e devia garantia experiência e calma a uma equipa recheada de miudagem. Herrera parece ser um rapaz simpático mas muito trapalhão e não tem qualquer noção de posicionamento. Casemiro consegue ser mais lento que um caracol com obesidade mórbida. E ter elementos com actuações repetidamente negativas, não pode trazer nada de bom para a equipa, Mister. Estas 3 posições mais a de extremo direito parecem ser outro grande problema nesta equipa.

O modelo de jogo e tudo o resto - É impossível querer ter a bola e ter um jogo assente na posse quando há uma ausência brutal de jogo interior. É impossível iniciar a construção nos centrais quando os médios não se movimentam e não criam linhas de passe, tornando qualquer pontapé de baliza curto num momento de nervosismo completamente desnecessário. É impossível querer defender bem quando não há controlo nenhum da profundidade a defender. Houve momentos em que a nossa linha defensiva fazia uma espécie de Zig-Zag que punha todos os defesas a olhar uns para os outros a tentar perceber quem descia ou quem subia de modo a fazer efectivamente... uma linha. A ausência de colectivo nesta equipa é confrangedora. Nomeadamente a pressionar. Há um remate de Oriol Romeu na segunda parte que nasce num momento absolutamente ridículo. Nani recebe a bola do lado esquerdo do ataque do Sporting e tem 3 (!) jogadores à sua volta numa espécie de pressão. O Português levanta a cabeça e dá a bola para o lado onde o espanhol livre de qualquer marcação recebe, levanta a cabeça e remata para boa defesa de Fernandez. E foram lances assim que me deixaram bem próximo de um enfarte. É impossível querer ganhar jogos, e já nem falo de competições profissionais quando se sofrem golos como os que nós sofremos nos últimos jogos. Dava para fazer um video com a musica do Benny Hill de fundo e ninguém acreditaria que aquilo é o nosso clube. Ah, e é impossível ganhar jogos quando não conseguimos marcar penaltis. É uma patologia ridícula e que tem remédio fácil. Ponham o Indi com aquele ar de bicho a marcar penaltis de "bico". Duvido que haja um guarda-redes que não trema.

O povo manso - Fala-se muito em "cultura de exigência" em toda Bluegosfera. Mas há uma coisa que me desgasta e me deixa receoso no futuro. É ver que o principal inimigo está sentado nas bancadas do Dragão. Gosto de pensar que não é a maioria. Mas faz-me muita confusão a facilidade com que nos conformamos. Mas é um fenómeno recente. Lembro-me de um jogo no Dragão em 2010 onde o "mais melhor bom mega ultra supersónico" Benfica que foi campeão nessa época entrava com hipótese de ser campeão em nossa casa. Lembro-me que Jesualdo Ferreira, então treinador, tinha sido expulso de forma ridícula no jogo anterior em Setúbal que o Porto tranquilamente ganhou por 5-2 e ficou na bancada. Lembro-me que Falcão também ficou de fora depois de ter visto um amarelo sem lógica que deixou o colombiano tão irritado que nem festejou o ultimo golo do jogo marcado por si. Portanto entrámos em campo no Dragão contra o Benfica, que tinha a oportunidade histórica de ser campeão na nossa casa, sem treinador no banco, sem o nosso avançado titular e sem o nosso guarda-redes e capitão Hélton que estava lesionado. Ah, e ficámos a jogar com 10 no inicio da segunda-parte. Alguém se lembra do resultado? Vencemos por 3-1. Mas o mais importante de tudo. Alguém se lembra do ambiente no Dragão? A força que carregou a equipa naquela vitória veio da revolta de uma época com fenómenos muito estranhos, mas acima de tudo de uma massa adepta que NUNCA abandonou a equipa e esteve lá a criar um ambiente terrível contra um rival. O que vimos este sábado contra o Sporting foi mau demais para ser verdade. Seja o silêncio perante os insultos dos adversários ao nosso Presidente, seja a animosidade criada à própria equipa após cada passe errado. Juro que não consigo entender esta lógica.


E agora? Limpar rapidamente a imagem com o Athletic Bilbau, já amanhã! 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Fernando Santos... e os magníficos sub-21

Agora que tivemos a 2ª paragem nas competições nacionais em praticamente 2 meses (sonho com o dia em que FIFA e UEFA vão gizar um plano competitivo que não prejudique os clubes desta forma), falemos um pouquinho sobre as Selecções.



Os sub-21 alcançaram um feito inédito, diga-se. Não obstante o talento que por ali anda, há que reconhecer que Rui Jorge soube retirar máxima vantagem desse facto. Não chega haver talento, é preciso pô-lo ao serviço da equipa e isso, não é para todos. Se já durante a fase de grupos os miúdos fizeram exibições portentosas, o jogo em Alkmaar foi fantástico. Estratégia bem montada, jogadores todos muito próximos, abnegados e extremamente pressionantes, belos intérpretes e, sobretudo, um hino ao futebol colectivo. Gostei imenso de ver este jogo, e fiquei ainda mais entusiasmado com Rúben e, principalmente, com Ricardo. Se no primeiro impressiona a facilidade com que se integra numa equipa já com 8 jogos de "andamento" e ocupa aquela posição "6" com uma classe e tranquilidade assustadoras, Ricardo continua a demonstrar uma polivalência inacreditável. Já o vi a jogar como Lateral (esquerdo e direito), Médio Ofensivo (no Vitória), Extremo (esquerdo ou direito), Central (durante uns minutos na época passada em casa com o Belenenses), e agora como Avançado mais móvel no 4-4-2 dos sub-21. E o mais curioso é que foram raras as vezes que não me surpreendeu. Alia uma belíssima capacidade técnica a uma velocidade notável mas parece-me que a sua maior arma é a inteligência posicional que demonstra em qualquer posição em que joga. Bem sei que tem rivais à altura no plantel principal do Porto mas vejo o rapaz como uma certeza para um futuro muito breve. Não acompanhei o festival de golos de Paços de Ferreira, na 2ª mão do play-off, mas ver os nomes de Rúben e Ricardo na lista de marcadores encheu-me de alegria. Menção honrosa para Sérgio Oliveira e um grande destaque para Bernardo Silva - é, efectivamente, um jogador que tem tudo para ser fabuloso. 



Falemos agora dos AA, comandados agora pelo nosso querido Engenheiro. Gosto de Fernando Santos, tenho de admitir. É fácil gostar dele: parece-me um indivíduo inteligente, ponderado, bom comunicador, sério e trabalhador mas, acima de tudo, coerente. Recordo-me de ver as suas equipas sempre bem trabalhadas no plano ofensivo, e com um sistema defensivo de referências individuais pouco "moderno". Era também pouco acutilante (corajoso, se preferirem) na abordagem a alguns jogos, mas não esqueço que com ele derrotámos um Super Real Madrid, e só um tristemente célebre Hugh Dallas nos impediu de eliminar o colosso Bayern na Champions. Mesmo depois de ter deixado o clube para outras aventuras, onde se contam passagens pelos nossos rivais, penso que não há uma alma que não simpatize com o Engenheiro. Sendo assim, parece-me que estão criadas as condições ideais para que haja alguma harmonia em torno da selecção, no que à liderança técnica diz respeito.

Não vi o jogo de Sábado, excepto os últimos 10 minutos, e gostei da sensação de ver um colectivo mais organizado, mais crente nas suas capacidades e com capacidade de luta. Vi também Quaresma a fazer o gosto ao pé (confesso que teria tremido se fosse marcar um penalty pelo Porto...) e um João Mário a deixar água na boca. 
No jogo de ontem, podemos destacar a coragem de Fernando Santos em avançar com a "remodelação" do modelo de jogo. Um meio campo com maior propensão para ter, e saber ter bola - pese embora a fraca forma de Moutinho - com o nosso mais forte trio de avançados à frente, com bastante mobilidade e velocidade. Na defesa, voltámos a ter dois defesas-centrais competentes (jogaço de Ricardo Carvalho), e só as anedotas que jogam como laterais destoaram. Sendo certo que foi um jogo com pouco sabor, é também verdade que Portugal criou mais oportunidades e fez mais por merecer a vitória. Não gostei muito de alguma desorganização entre os 20-35min da 1ª parte, e também com o facto de Tiago e Moutinho se terem desgastado tanto com coberturas defensivas. Sendo eles os cérebros da construção ofensiva, ficaram com poucas pernas para a parte final do jogo. Santos leu bem, ao colocar Quaresma e João Mário e foi uma maravilha ver aquele cruzamento genial de Quaresma chegar direitinho à cabeça de Ronaldo. Quanto a Quaresma, no pouco tempo que esteve em campo demonstrou tudo aquilo que é: tentou por 2,3 vezes fintar 2,3 adversários em zonas impossíveis, perdendo a bola com facilidade, e depois foi capaz de ir à linha "sacar" um cruzamento perfeito, que valeu 3 pontos. Assim, fácil. Tudo isto do tal jogador que dá mau ambiente se não joga e que é muito individualista (argumento de acéfalo, numa selecção que tem Ronaldo...). Doeu muito Paulo Bento?


Venha a Taça!


sábado, 11 de outubro de 2014

Jogos Memoráveis - Banho de Bola em Bremen

Em Maio, decidi criar aqui um pequeno espaço onde eu e o v.a.s.c.o. pudéssemos falar de jogos que ficaram gravados na nossa memória. Independentemente dos clubes em jogo, só queremos partilhar com todos alguns dos melhores jogos a que tivemos oportunidade de assistir, e que sem dúvida contribuíram para amarmos ainda mais este jogo.

Se da última vez vos falei dum jogo de impossibilidades entre United e Bayern, desta feita vou falar-vos dum jogo que, nos meus 7 anitos, me fez despertar para o poderio externo que o clube do meu coração poderia atingir (bem sei que já havíamos estado no topo da Europa, até há quem diga que "voei" pelo ar de casa dos meus avós nessas noites gloriosas, mas ainda tinha meses de idade, e confesso que não me recordo).



Werder Bremen vs F.C.Porto 

Weserstadion - Bremen

30-03-1994

Lembro-me perfeitamente de ter assistido a esta partida na abençoada sala de estar de casa dos meus avós. Junto ao meu avô, o portista responsável pela saudável "doença" de que todos padecemos na família, preparava-me para ver o meu Porto decidir se passava a fase de grupos da Liga dos Campeões contra uns alemães que, confesso, não conhecia assim muito bem. Mas o meu avô dizia que os tipos tinham uma equipa forte, que não ia ser fácil e, como em tantas outras vezes, o nervosismo estava bem patente naquele par de tripeiros, sentados em frente à TV, unidos pelo sangue, numa mescla de gerações, de vivências e de portismo sentido à flor da pele.

Agora que andei a rever imagens do jogo e a pesquisar jogadores, reparo que do lado dos alemães há ali uns nomes bem conhecidos como Mario Basler, Thomas Schaaf, Marco Bode ou Andreas Herzog. Comandados por Otto Rehhagel, os alemães eram campeões em título e, como tal, uma equipa temida na Europa do futebol.

A equipa do Porto: Baía, João Pinto, Fernando Couto, Jorge Costa, Rui Jorge, André, Paulinho Santos, Drulovic, Secretário, Timofte e Kostadinov.

Uma verdadeira força da Natureza esta equipa.
Por esta altura já o treinador deixara de ser Ivic, estando Sir Bobby Robson no seu lugar.



Ir à Alemanha ganhar é um feito complicado (oh se é...), mas ir a casa dum "grande" alemão espetar 5 "batatas" é um feito heróico! Foi isso que estes meninos fizeram... Recordo-me da minha incredulidade quando vencíamos por 0-2 e o meu avô se mantinha cauteloso. Dizia ele que na 1ª parte tínhamos tido alguma sorte, porque o Werder Bremen tinha carregado com tudo o que podia, mas para mim, Fernando Couto, Jorge Costa, Vítor Baía ou João Pinto eram sinónimo de baliza fechada a sete chaves. E o jogo até nem começou bem para nós, em virtude da lesão sofrida Por Paulinho logo nos primeiros minutos, que levou à entrada de Rui Filipe. Revendo um pequeno resumo do jogo, consigo perceber o meu avô. Houve ali alturas em que a equipa teve de ligar o modo "sobe Candal!", e praticamente não saía da grande área. Um golo do saudoso Rui Filipe logo após a sua entrada em jogo e do matador Kostadinov (após assistência magistral de Drulovic) davam vantagem ao intervalo.

A 2ª parte terá sido dos pedaços de jogo mais memoráveis, avassaladores e retumbantes que uma equipa portuguesa protagonizou em solo estrangeiro. Depois de conseguir aguentar a avalanche ofensiva dum Bremen que vinha de recuperações impressionantes de resultados negativos, o Porto deu um verdadeiro show! Impressionante a simplicidade de processos, o futebol ofensivo e veloz da equipa portista, jogando em contra-ataque e explorando a "dureza" de rins da defensiva alemã. Jogadores inteligentes, tecnicamente evoluídos e com um sentido colectivo notável. Um banho de bola aquela 2ª parte! Golos de Secretário (após trabalho primoroso sobre um defesa alemão), Domingos (que GO-LA-ÇO!) e Timofte, de penalty. Recordo-me do semblante descontraído e risonho do meu avô quando o jogo caminhava para o fim, embevecido com tamanha demonstração de categoria, duma equipa que na época seguinte deu início à caminhada do Penta.

Mais do que quaisquer palavras, deixo-vos o vídeo do resumo do jogo, para se voltarem a deliciar com a eficácia de Kostadinov, a raça de Fernando Couto e Jorge Costa, a segurança de Baía, a "elegância" de Secretário, a categoria de Domingos, o perfume técnico de Timofte e Drulovic... E também os "cachaços" de João Pinto, e o habitual salto de Baía por cima do molho de jogadores que se abraçavam nos festejos, que terminava quase sempre em queda aparatosa.

Vejam lá que até dá para ver Inácio com as nossas cores, a parecer que até gosta muito do Porto...




Um jogo memorável, o primeiro de que tenho memória do F.C.Porto fora de portas, e que esteve na base de tantos outros jogos fantásticos, vitórias históricas, sucessos retumbantes, que nos permitiram construir este grande Porto de dimensão Mundial. São momentos únicos que ficam para contar aos netos. E para que nunca ninguém esqueça que aqui há uma equipa que por várias vezes espantou e encantou a Europa e o Mundo e que conta com 7 troféus internacionais (até à data)!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

F.C.Porto vs S.C.Braga

Ao fim de 3 empates para o campeonato, uma vitória! At last! Suada, sofrida, não tão bem jogada como noutros jogos, mas uma vitória! 3 pontos!
Já tinha tido oportunidade de ver o Braga jogar, e lembro-me de ter pensado que Sérgio Conceição talvez ainda estivesse num processo de construção e descoberta das melhores peças (tal como vem acontecendo com Lopetegui) e que tem ali matéria prima para fazer coisas engraçadas. Foi por isso que não estranhei as dificuldades que os bracarenses nos impuseram e a forma como quiseram discutir o jogo no Dragão.

Meus caros, é óbvio que queremos sempre um F.C.Porto dominador, avassalador, triturador, rolo compressor e tudo o mais, mas vamos apanhar adversários com iguais ambições e com qualidade. Barcelonas, Chelseas, Madrids, Bayerns também apanham "sustos", felizmente não jogam sozinhos nas suas Ligas e, como tal, não estamos imunes a jogos difíceis como o de Domingo.


A primeira-parte evoluiu com as dificuldades (que se repetem...) na saída de bola, novo erro em zona perigosa que deu origem a que um passe lateral fosse desviado para a nossa baliza (um verdadeiro case study a capacidade que os nossos adversários têm de aproveitar o mais pequeno deslize, diga-se de passagem), e uma equipa a viver sobretudo dum flanco direito absolutamente demolidor (Danilo, Tello e Oliver.. Nossa!). Sendo certo que o meio-campo do Braga esteve muito bem a anular os movimentos de Oliver e Herrera (péssimo, péssimo jogo), não consigo concordar que se diga que o resultado ao intervalo era justo. Na verdade, embora não tenhamos carburado a todo o gás, também me parece que justificámos mais estar em vantagem, que só a barra, o GR contrário e algumas más decisões no último momento do processo ofensivo conseguiram impedir.

Lopetegui percebeu onde era necessário mexer, arriscou um meio-campo de tracção ofensiva, e até aos 70 minutos o domínio foi total. Quintero deu-nos uma fantástica capacidade de jogar por dentro do bloco adversário, soltando Tello, Brahimi, Jackson e Oliver, e mais uma vez só nos podemos queixar das más decisões em alturas fulcrais para que belíssimas jogadas não terminem em golo. Depois da vantagem, e de se perceber que Brahimi estava em dia "mais-ou-menos", o jogo pedia Evandro, pedia maior segurança em posse... Tal não aconteceu. Foi curiosamente com o trio que mais me entusiasma (Rúben-Oliver-Evandro) que o Braga começou a crescer, a ter muito espaço para pensar e definir jogadas, e a deixar-nos a todos num sufoco. Valeu a capacidade de luta para aguentar o aperto final do Braga. Ainda assim, fiquei sempre com a ideia que poderíamos ter aproveitado o imenso espaço que se criou no meio campo defensivo adversário para "matar" o jogo mais cedo.

(+) Positivo 


Jackson - Sim, coloquei-o aqui mesmo não havendo golos dele. O nosso capitão está aqui por aqueles 2 ou 3 carrinhos que fez em diferentes momentos do desafio. Quando o nosso capitão, que por acaso é o avançado, vem atrás dar o exemplo daquela forma, a equipa reage. Ser líder também é isto. Mas também contaram aquelas recepções "impossíveis", a forma como aguenta a bola usando o físico e as tentativas de abrir vias para a baliza. 

Quintero - Se em Lviv fez uma entrada em campo fabulosa (como o v.a.s.c.o. bem escreveu), neste jogo foi o MVP. Entrou, percebeu o que tinha de fazer, que terrenos pisar e quem solicitar. Esteve solto, deixou-se de toques inconsequentes, rasgou meio campo e defensiva arsenalista e marcou um golo. Falta algum trabalho de posicionamento defensivo e, sobretudo, de capacidade de recuperar bola - ou pelo menos, de dificultar um bocadito a vida a quem a tem e não veste uma camisola azul e branca. Será desta Quintero?

Danilo - Um jogador à Porto! Quilómetros e quilómetros de luta e bem jogar. Subiu quando sentia ser a melhor altura (e foi, quase sempre), combinou de forma diabólica com Tello, ainda teve tempo para retirar do jogo quem caiu do seu lado. E chegou ao fim do jogo sem estar agarrado aos joelhos. 

Indi - Já merecia um golo este rapaz. Compensa as deficiências no jogo aéreo com um posicionamento impecável. Joga simples (porque sabe que não é nenhum Cannavaro), e anda constantemente atento às (demasiadas) perdas de posicionamento de Alex Sandro. Alguém se tem lembrado de Mangala?

Lopetegui a ler o jogo - Mister, tem sido na "mouche"! Recapitulem praticamente todos os jogos do Porto este ano e vejam bem a quantidade de vezes em que Lopetegui acerta em cheio nas alterações feitas. Sejam alterações no desenho táctico, sejam mudanças de jogadores em zonas-chave, este mérito ninguém lhe pode tirar (sendo também certo que tem um leque incrível de potencial à sua disposição). 


(-) Negativo 

Novo erro "estúpido" - São erros que decorrem da forma de jogar? Verdade. São fáceis de trabalhar e corrigir? Sem dúvida! Mas depois do que vimos começar a acontecer há cerca dum ano atrás, deixam-nos histéricos... Comecem lá a sofrer golos em que um gajo diga "ora, aqui está um tento de belo efeito do adversário!". Ou a não sofrer golos.  

Lopetegui a abordar o jogo - Não fosse a grande capacidade de mexer nas peças durante o jogo e corríamos sérios riscos de estar mais abaixo na tabela. Vamos vendo aqui um Lopetegui mais hesitante. Por exemplo, se no jogo passado (jogo de Champions, fora...) ainda compreendi que Marcano estivesse como 6 mais destruidor e posicional, não fez tanto sentido desta feita. Se contra os ucranianos precisávamos de equilíbrio defensivo na altura da perda porque os "brasileiros" de Donetsk são velozes e bons tecnicamente, desta feita precisávamos de quem soubesse "jogar" mais, procurar mais apoios frontais e ir permitindo que Oliver e Herrera não necessitassem de descer tanto. Algumas dúvidas que persistem porque há várias opções que vão dando respostas díspares quando jogam? Hesitação em dar pendor ultra-ofensivo ao nosso jogo tendo Quintero, Oliver, Brahimi, Tello e Jackson, apoiados por dois alas que estão sempre no apoio? Mister, arrisque! Em nossa casa ou fora, os resultados vão aparecer! (Só não aposte mais em Casemiro, Rúben e Herrera ao mesmo tempo). O que mais me chateia é que, fora o jogo com o BATE, fico sempre com uma sensação de 1ª parte "perdida" quando vejo que depois consegue facilmente alterar por completo qualidade de jogo com uma ou duas alterações.

Herrera - Um meio-campo mais pressionante e foi um festival de más decisões de Herrera. Precisa, urgentemente, de trabalhar esta componente de jogo (saber rodar, atacar o jogo de frente), para se tornar num médio capaz. Para já, só é capaz contra blocos baixos e com muito espaço para jogar. Trabalha "hombre"!

Alex Sandro - Os dois cortes fantásticos que fez para limpar duas "quase-asneiras" de Maicon foram das coisas mais positivas da exibição de ontem. Mas aquela 1ª parte foi para esquecer. Perdas de bola, passes sem nexo, uma tremideira gigante e uma incapacidade de conseguir aguentar a posição quando tinha adversários pela frente. Lutou, terminou o jogo a despejar bolas "à Candal" (preferível a fazer ofertas ao adversário) mas terminou de rastos. Se compararmos com os jogos de Angel, temos de admitir que o espanhol esteve globalmente melhor.

Brahimi - Uma assistência e as qualidades que fazem dele um jogador fabuloso. Esteve tudo lá. Faltou soltar a bola em muuuuitos lances, com colegas melhor posicionados. Alex Sandro fartou-se de fazer "overlaps" (tinha de dizer, claro) para nada. Nem uma bola. Nicles. Niente. Pareceu-me também desposicionado demasiadas vezes na transição defensiva... Ainda assim, tem um talento absurdo (ao vivo então, é qualquer coisa) e sabemos perfeitamente que a qualquer momento decide um jogo. 

Jogar em posse, também para defender - Não gostei, confesso, dos últimos minutos de jogo, embora consiga compreender... O Braga arriscou tudo e, após dois jogos com erros e 4 empates quase seguidos, qualquer jogador prefere mandar o tradicional "charutão" para onde está virado, em vez de se pôr com flores. Principalmente num Estádio onde ao primeiro passe mais atrasado já se começa a ouvir um burburinho ensurdecedor. Mas preferia que tivéssemos optado por gerir melhor a posse de bola nos útlimos 10 minutos, em vez de lhes dar 2, 5, 8 hipóteses de recuperar facilmente a bola por nós despejada e voltar a carregar. 

Ganhámos, mas não chega. Ganhámos mas leio por essa bluegosfera que não jogámos nada. Ganhámos mas isto tem de ser muito melhor. Ganhámos mas não senti um Estádio satisfeito. Soubemos reagir mas nem assim os jogadores conseguem puxar pelo (estupidamente) "exigente" público. Ganhámos mas o atrasado mental que se senta atrás de mim continua a "descascar" em tudo o que veste azul e branco. Ganhámos mas continuei a verificar que há quem não goste de ver os últimos 10 minutos, no Estádio, depois de pagar por um lugar. 

Não é exigência: é só estupidez.

Lembram-se do que disse no final do jogo em Alvalade
Erros contra o Porto: natural. 
Erros a favor: é da fruta. 
Lance dúbio sobre Alex Sandro: "Simulação! Nunca na vida é penalty! Olha, só porque lhe dá um toquezinho na perna, o gajo atira-se logo... Pfff!". 
Lance dúbio sobre um dos gajos equipados à Arsenal: "Uma vergonha, era penalty claro! O vosso treinador não vem chorar agora?". 

E nem vou falar do abraço fraterno do Maxi ao rapaz arouquense, dentro da área, quando ainda havia 0-0 no marcador... Nem eu, nem as capas dos sempre imparciais jornais deportivos! Nem eu, nem os arautos da verdade desportiva nos seus programas (?) semanais, que ontem tiveram o desplante de perguntar "lá para casa" se as pessoas achavam que o Porto tinha sido beneficiado pela arbitragem no jogo de ontem. Poderiam tê-lo feito nos 3 jogos anteriores do Porto para o campeonato? Podiam, mas assim deixavam de ser uns cretinos primários.


P.S.: O Gobern, ainda respira? Tanta bala perdida por aí...


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Shakhtar Donetsk vs FC Porto

Segundo jornada da Liga dos Campeões com uma deslocação até Lviv na Ucrânia para defrontar o Shakhtar Donetsk. Incrível como o conflito no Leste Europeu continua a arrastar-se sem solução aparente. Com o escalonamento do 11 viu-se uma onda de indignação na Internet contra Lopetegui.

Contínuo a não compreender a aversão que tantos têm a Lopetegui. Expliquem-me, que criticas se pode fazer à rotatividade do Espanhol neste jogo? Guarda-Redes e Defesa do costume. Marcano, um jogador que o treinador já conhece e em quem confia, foi o escolhido para o lugar de 6. Casemiro está lesionado, Reyes não está inscrito e a forma de Rúben Neves tem estado em queda livre. Qual é a dúvida aqui? Jogou mal? Muito pelo contrário, foi bastante positivo ao nível de posicionamento e procurou sempre jogar simples. Alguns passes de longa distância mal medidos, mas não serão certamente a sua especialidade (e isso até permitiu que a equipa jogasse mais curto quando recuperava a bola). Óliver e Herrera completaram o meio-campo. Na frente Brahimi, Tello e a surpresa... Aboubakar. Estava instalada a confusão! Tanto barulho, tanta veneno lançado em forma de caracteres que, como se veio a perceber no fim, não tinha razão de ser. Se a estupidez dita na Internet por adeptos do Porto pagasse imposto, podíamos perfeitamente comprar o Óliver no final do ano e limpar o passivo. Jackson não estava a 100% e o Camaronês pode ser (finalmente) uma alternativa séria ao cafetero. So... I'll ask again. What's the fucking deal here?!



Foi um dos melhores (e mais difíceis) jogos que vi o Porto fazer esta época, e acabou por ser um pouco bittersweet o resultado. Por um lado os dois golos que oferecemos ao Shakhtar, que nos deixaram a perder por 2-0 até aos 89 minutos. Por outro, a qualidade do nosso jogo. Fomos tão superiores, tão melhores que o Shakhtar em todos os momentos de jogo... Ou pelo menos quase todos, porque aquela mescla de Ucranianos e Brasileiros, provavelmente em honra da Crimeia, usaram mãos, cotovelos e braços inteiros em tudo o que era jogada. Mas um empate fora com o Shakhtar é um resultado que se acaba por aceitar. 4 Pontos em duas jornadas e lideres do grupo. Que continue assim!



(+) Positivo 


Jackson - "Martinez. Jackson Martinez - License to kill" Absolutamente letal. Veio do banco, não fez cara feia e marcou dois golos. Se calhar é por atitudes como esta que o colombiano é capitão e outros que falam muito do amor ao clube, à cidade e à música flamenca em geral não o são. Enorme Cha Cha Cha!

Quintero - Das melhores entradas em campo que o vi fazer em muito tempo. Entrou expedito, com ganas e vontade de ajudar a ganhar. Apareceu inúmeras vezes entre linhas e a procurar colocar bolas nas costas da defesa. Assim dá gosto ver-te Juanito! 

Lopetegui - Demorou demasiado tempo a mexer, mas mexeu bem. Apercebendo-se que o Shakhtar não atacava, tira Marcano deixando os centrais em cima da linha de meio-campo. Herrera aqui brilhou, libertou-se e, se calhar por estar cansado, não correu tanto o que só o ajuda. O Espanhol sabe ler o jogo do banco e sabe quem tem no banco para mudar o jogo. Julen, não ligues aos aziados...

O Herrera bom - Estamos certamente perante um caso de bipolaridade futebolistica. O Mexicano deixa-me a berrar com a TV tantas vezes que se um dia deixar de publicar no blogue é porque fui vitima de homicídio qualificado por parte de um LCD. Ao intervalo em conversa com o Z, dizia-lhe que era mau de mais para ser verdade e que não compreendia a insistência de Lopetegui no Héctor. O Z lá me dizia que hoje nem está a ser muito mau, que tinha estado bem, mas eu, raivoso como um cão sem vacinas não lhe dava ouvidos. Mas como o treinador é o Julen e não eu, Héctor voltou para o segundo tempo. E é capaz de ter feito os melhores 45 minutos que lhe vi fazer de azul e branco. Principalmente quando parou de correr que nem um maluquinho como tanto gosta de fazer. E para mim o problema passa muito por aí. "Correr de mais". Ele mascara as grandes dificuldades que tem de posicionamento com muita correria. E hoje quando correu menos até controlava a bola com muito mais qualidade. Que tal por-lhe chumbo nas chuteiras?


(-) Negativo 

Os golos sofridos - Ridículos. A não repetir. Está apertado, mete-se para fora. Simples. 

Maicon - A entrada que lhe deu o amarelo foi idêntica à que lhe valeu a expulsão no jogo com o Boavista. Tem estado em grande forma esta época mas a falta de percepção de que era momento para aliviar a bola "à Maicon" naquele lance foi demasiado má para um jogador com os anos de experiência de competições europeias que ela já leva nas pernas. 

Os devotos fãs do Maldizer e os Pipoqueiros - Calem-se e deixem de implicar. Como diria o Roger Waters no final de uma das minhas músicas favoritas dos Pink Floyd: "Together we stand. Divided we fall"