quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma vez por ano, os sócios voltam a ter importância


No primeiro dia do ano, como vai sendo tradição, mais uma gigantesca demonstração de grandeza, de portismo, no palco dos nossos sonhos. Impressionante como esta data consegue ter esta capacidade de mobilizar as tropas com tanta força, dando azo a imagens tão fabulosas como a de cima.

Pegando nesta temática, talvez dum ponto de vista diferente, aproveito para questionar: porque raios isto não acontece mais vezes? 

Quando era pequeno, recordo-me de ir aos Sábados de manhã para o pavilhão nº 2 do nosso Complexo Desportivo das Antas para os treinos de andebol, e da felicidade que sentia quando havia treinos de futebol no relvado adjacente. Admirávamos as "bombas" de alguns dos jogadores, podíamos senti-los ali, de carne e osso, ao nosso lado. Sempre munidos dos nossos "posters", postais, blocos de notas e esferográficas, pairava no ar aquele nervoso miudinho crescente quando os artistas subiam a rampa, em direcção aos carros, e disponibilizavam uns segunditos do seu tempo a rabiscar o seu nome ou a trocar umas palavras de circunstância com quem se cruzava no caminho, num clima de confraternização perfeitamente natural e familiar. 

Ao fim e ao cabo -  estou farto de dizê-lo -  amar um clube como amamos o nosso, é um sentimento que só faz sentido se puder ser partilhado com outros que o amem de igual forma, e com todos aqueles que fazem do clube aquilo que ele é. Decerto muitos se recordarão desses tempos, em que era habitual conviver com os craques bem de perto, em que os sócios/adeptos eram colocados num patamar de importância bem elevado, e que marcou bem uma era em que o clube realmente funcionava como uma familia.

A partir de certa altura, tudo se alterou. Os treinos à porta fechada passaram a ser regra e não a excepção. Os craques estão lá ao longe, fora da cidade que agora renasce e se reabre aos olhos do Mundo, longe dos olhares curiosos e apaixonados dos que devotam uma vida a idolatrar todos os que têm a honra de vestir a nossa camisola e carregar o nosso símbolo ao peito. O clube está distante dos sócios e adeptos, transformado numa máquina de marketing, de números, de cláusulas, de percentagens, de negócio, cada vez mais afastado daqueles que são a verdadeira (e única, acreditem) força viva da instituição. 

Tenho lido por aí críticas à política de preços de bilheteira, à fraca utilização do Porto Canal como um mecanismo de aproximação aos sócios e adeptos, ao silêncio ensurdecedor da Direcção face à evidente inclinação dos relvados durante esta primeira parte da época, à política financeira da SAD, mas parece-me que é em coisas tão simples como a não abertura de mais alguns treinos ao público durante a época que se vê como os tempos mudaram no que diz respeito ao papel que quem gere os destinos do clube pensa que os sócios/adeptos podem ter. 

Está tudo super feliz porque tivemos 23.000 pessoas no 1º treino do ano. Eu sinto orgulho em poder ter tanta gente a marcar presença, principalmente num dia marcante como o 1º de Janeiro. Rejubilo pela mensagem de confiança passada pelo público a jogadores e equipa técnica. 

Revolta-me muito saber que tal se voltará a repetir apenas em Janeiro de 2016.

Uma vez no ano, o clube lá dá um pouco de importância àqueles que, independentemente de quem dirige, treina ou joga, estarão sempre aqui a defender as nossas cores.


Video realizado por um drone durante o treino

2 comentários:

  1. Caro Z, completamente de acordo!

    Um abraçom e o melhor ano da tua vida para ti e os teus!

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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  2. @ Z

    subscrevo. na. íntegra. cada. palavra. da. tua. "posta".


    @ caríssimos Z, Vasco e Jorge,

    e um excelente 2015! para todos nós!

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    abr@ços a «ambos os três» :D
    Miguel | Tomo II

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